Gilberto Freyre
Pedro Sevylla de Juana
Contenido: Gilberto Freyre Introducción. Este artículo, em português y castellano, contiene, además de la introducción, mi poema Morí, dedicado a Gilberto Freyre; y la traducción al portugués. Su poema a Bahía y mi traducción al castellano. Una relación de hechos, A propósito del autor, y su extensa y admirable Biografía
“Casa-grande & senzala” fue publicado en 1933, “Sobrados e Mucambos” en 1936 y ”Ordem e Progresso” en1957. Esas obras forman los tres grandes pilares de la enorme y excepcional contribución de Gilberto Freyre a la Historia de Brasil. Llegando Freyre a ser uno de los más profundos conocedores de la esencia brasileña: gente, individuo y sociedad. Mas el gran científico reconocido mundialmente, el observador concienzudo, es también un pensador y un poeta; y un soñador que tiene algo de clarividente. Freyre es un aprendiz de poeta, según sus propias palabras; palabras que también dijo de sí Pablo Picasso. “Talvez poesía”, libro publicado en 1962, lleva un título revelador de la timidez poética del científico sensible. Puede decirse que mantuvo un empeño poético constante, con períodos fructíferos de mayor dedicación, en los que consiguió admirables poemas personales.
“
Gilberto Freyre e sua família resolveram instituir, na Vivenda Santo Antônio de Apipucos, uma Fundação que não apenas reunisse o seu patrimônio cultural, seus bens e acervos, mas que também pudesse estimular a continuidade dos seus estudos e de suas idéias, voltados para a compreensão e interpretação da realidade social brasileira. A Casa de Gilberto Freyre, transformada em Fundação no dia 11 de março de 1987, cumpre, assim, o seu destino. Na concepção do tempo por ele idealizado, onde o presente, o passado e o futuro se interpenetram e constituem um só tempo, sua vida e sua obra continuam inalteradas e hoje cumprem o papel de balizadoras das ações desenvolvidas pela instituição”. (Texto e foto extraidas da Fundação) Endereço: R. Dois Irmãos, 320 – Apipucos, Recife – PE, 52071-440
«Morí», Poema de Pedro Sevylla de Juana
Pretendo que mi último poema -este quizá- sea el mejor
de todos; y lo quiero siempre y cada vez
que segrego uno nuevo
Morí, ustedes ya lo saben, aparece en mi biografía:
el dieciséis de abril de dos mil treinta.
Cosa de poco, un resfriado como desencadenante:
madrugo para escribir y, a veces, no me abrigo
de manera apropiada.
Ya ven, la pasión por la escritura, y veintitantas
enfermedades que fui acumulando, las unas agarradas
a las otras, en los últimos tiempos.
Introduje en la valija del más allá
diez libros -propios y ajenos-
tres poemarios, tres novelas, tres ensayos, llovía;
subí al trampolín del tobogán, techo del mundo,
miré desde la altura, en redondo, los trigales:
mar de primavera en Valdepero; ermita de la Virgen,
del Consuelo, tejera romana, la fuente
de San Pedro,el sitio histórico de Muqui,
estaciones de Marechal Floriano y Matilde,
los troncos erguidos
y firmes de la Mata Atlántica capixaba
la Reserva Natural Rêluz;
llovía.
Páramo Llano de piedras cereales,
Sertão agreste y riguroso, noche de estrellas,
cielo azul y blanco.
Cerré los ojos,
dejé de respirar indefinidamente,
me deslicé in crescendo; y la posteridad
-uno de tantos para ella- me recibió sin inmutarse
en el ingente cacaotal de Bahia.
Nací en la senzala de la Casa Grande, propiedad
de don Manuel Diezquijada Gallo, calle
Mayor de mi pueblo,
y morí na senzala de la Casa-Grande de Gilberto Freyre,
grosas paredes de taipa ou de pedra e cal,
la casa ibérica de mi iberismo:
aceptación y defensa del legado milenario común.
Gilberto me confirma que fui para allá peninsular,
remando balandra, bebiendo lluvia, pescando, achicando
mar, veleiro de papel, vela de páginas escritas,
manuscritas; y allá me hice, además,
amerindio y africano: bahiense.
Ya soy, dice de mí Gilberto de Mello Freyre,
la afortunada conjunción
de orígenes miscibles
de miscibles culturas;
y asegura que es el mestizaje el principio
del progreso progresivo,
y la constante
de los avances todos.
Síntesis de síntesis soy,
esencia de esencias destiladas
en el alambique existencial de los varios
cientos de millones
de mis antepasados.
El primer protagonista de la historia
es el transcurrir del tiempo
ese devenir ilógico y nostálgico
que parece el esperado porvenir
no siendo más que el pasado
puesto
en contacto con el aire impuro,
temperatura de árticos, antárticos y trópicos
y humedad de chaparrón intermitente:
sometido a la inclemencia,
al roce permanente de todo cuanto existe.
Bahia de todos os santos
madre oronda de todas as cidades,
Pernanbuco de igrejas magras, donde
Gilberto Freyre nació un día antes que yo
quince de marzo;
y pregunto si nos acerca eso ante Zodíaco y la Eclíptica,
dioses de los influjos estelares, de la erosión
de los sentimientos inconstantes.
La duda
afortunadamente soluble
me llegó al aproximarme a la equis final
Aos teus tabuleiros escancarados em X.
Incógnita que cada uno puede descifrar a su manera:
pensé, y la mía
se explica en la rúbrica
de la firma que llevo cien años repitiendo:
una flecha dirigida sin remedio hacia la cruz.
“Lucha hasta el equilibrio” es mi divisa,
y es mi firma mi nombre lanzado en una flecha,
en busca de la cruz de la armonía,
vacilante,
equilibrada,
activa.
Sí, Gilberto de Mello Freyre,
tu equis es mi cruz:
identificación del equilibrio armónico
conjunción ajustada de elementos múltiples.
Y el equilibrio inestable y activo,
recompuesto tras cada disgregación,
es el futuro que esperamos
para el enorme caudal de fuerzas
de Brasil.
Sabido esto,
ya pude morirme
y
MORÍ.

Firma y lema
«MORRI», Poema de Pedro Sevylla de Juana,
traduzido por ele mesmo.
Pretendo que meu último poema -este quiçá- seja o melhor
de todos; e quero-o sempre e cada vez
que segrego um novo
Morri, vocês já o sabem, aparece na minha biografia:
o dezesseis de abril de dois mil e trinta.
Coisa de pouco, um resfriado como desencadeante:
madrugo para escrever e, às vezes, não me abrigo
de maneira adequada.
Já veem, a paixão pela escrita, e mais de vinte
doenças que fui acumulando, umas agarradas
às outras, nos últimos tempos.
Introduzi na mala de além-mundo
dez livros -próprios e alheios-
três livros poéticos, três romances, três ensaios, chovia;
subi ao trampolim do tobogã, teto do mundo,
olhei desde a altura, em círculo, los trigales:
mar de primavera en Valdepero; ermita de la Virgen
del Consuelo, la tejera romana, la fuente de
San Pedro; o lugar histórico de Muqui,
as estações de Marechal Floriano y Matilde,
os troncos erguidos
e firmes da mata atlântica capixaba,
a reserva natural Rêluz;
chovia.
Páramo Llano de piedras cereales,
Sertão agreste y rigoroso: noche de estrellas,
céu azul e branco.
Fechei os olhos,
deixei de respirar indefinidamente,
deslizei-me in crescendo;
e a posteridade
-um de tantos para ela- me recebeu sem se alterar
no ingente cacaual da Bahia.
Nasci na senzala de la Casa Grande, propiedad
de don Manuel Diezquijada Gallo, en la
calle Mayor de mi pueblo,
e morri na senzala da Casa-Grande de Gilberto Freyre
grossas paredes de taipa ou de pedra e cal
a casa ibérica de meu iberismo:
aceitação e defesa do legado milenário comum.
Gilberto me confirma que vim para cá peninsular,
remando balandra, bebendo chuva, pescando, achicando mar,
veleiro de papel, vela de páginas
escritas
à mão;
e aqui me fiz, além disso,
africano e ameríndio: baiano.
Já sou, diz Gilberto de Mello Freyre,
a afortunada conjunção
de origens miscíveis
de miscíveis culturas;
e assegura que é a mestiçagem o princípio
do progresso progressivo,
e a constante dos avanços todos.
Síntese de síntese sou,
essência de essências destiladas
no alambique existencial dos vários
centos de milhões
de meus antepassados.
O primeiro protagonista da história
é o decorrer do tempo
esse devir ilógico e nostálgico
que parece o esperado porvir
não sendo mais que o passado
posto
em contato com o ar impuro,
temperatura de árticos, antárticos e trópicos
e umidade de aguaceiro intermitente:
submetido à inclemência,
ao roce permanente de tudo quanto existe.
Bahia de todos os santos
mãe bojuda de todas as cidades
Pernambuco de igrejas magras, onde
Gilberto Freyre nasceu um dia antes que eu,
quinze de março;
e pergunto se isso nos acerca ante Zodíaco e a Eclíptica,
deuses dos influxos estelares, da erosão
dos sentimentos inconstantes.
A dúvida
felizmente solúvel
chegou com o xis final:
Aos teus tabuleiros escancarados em xis.
Incógnita que cada um pode decifrar à sua maneira,
pensei;
e a minha se explica na rubrica
da assinatura que levo cem anos repetindo:
uma flecha dirigida sem remédio para a cruz.
“Luta até o equilíbrio” é minha divisa,
e é minha assinatura meu nome lançado numa seta,
em procura da cruz da harmonia,
vacilante,
equilibrada,
ativa.
Esse xis é o futuro do Brasil.
Sim, Gilberto de Melo Freyre
teu xis é minha cruz:
identificação do equilíbrio harmônico,
conjunção ajustada de elementos múltiplos.
E o equilíbrio instável e ativo,
recomposto depois da cada dispersão,
é o futuro que esperamos
para o enorme caudal de forças
do Brasil.
Sabido isto,
já pude morrer
e
MORRI.
Jean-Baptiste Debret, Um jantar brasileiro (1927)
Bahia de Todos os Santos (e de quase todos os pecados)
Poema de Gilberto Freire
Bahia de Todos os Santos (e de quase todos os pecados)
casas trepadas umas por cima das outras
casas, sobrados, igrejas, como gente se espremendo pra sair num
retrato de revista ou jornal
(vaidade das vaidades! diz o Eclesiastes)
igrejas gordas (as de Pernambuco são mais magras
toda a Bahia é uma maternal cidade gorda
como se dos ventres empinados dos seus montes
dos quais saíram tantas cidades do Brasil
inda outras estivessem para sair
ar mole oleoso
cheiro de comida
cheiro de incenso
cheiro de mulata
bafos quentes de sacristias e cozinhas
panelas fervendo
temperos ardendo
o Santíssimo Sacramento se elevando
mulheres parindo
cheiro de alfazema
remédios contra sífilis
letreiros como este:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
(Para sempre! Amém!)
automóveis a 30$ a hora
e um ford todo osso sobe qualquer ladeira
saltando pulando tilintando
para depois escorrer sobre o asfalto novo
que branqueja como dentadura postiça em terra encarnada
(a terra encarnada de 1500)
gente da Bahia! preta, parda, roxa, morena
cor dos bons jacarandás de engenho do Brasil
(madeira que cupim não rói)
sem rostos cor de fiambre
nem corpos cor de peru frio
Bahia de cores quentes, carnes morenas, gostos picantes
eu detesto teus oradores, teus otaviosmangabeiras
mas gosto das tuas iaiás, tuas mulatas, teus angus
tabuleiros, flor de papel, candeeirinhos,
tudo à sombra das tuas igrejas
todas cheias de anjinhos bochechudos
sãojoões sãojosés meninozinhosdeus
e com senhoras gordas se confessando a frades mais magros do que
eu
O padre reprimido que há em mim
se exalta diante de ti Bahia
e perdoa tuas superstições
teu comércio de medidas de Nossa Senhora e do Nossossenhores do
Bonfim
e vê no ventre dos teus montes e das tuas mulheres
conservadoras da fé uma vez entregue aos santos
multiplicadores de cidades cristãs e de criaturas de Deus
Bahia de Todos os Santos
Salvador
São Salvador
Bahia
Negras velhas da Bahia
vendendo mingau angu acarajé
Negras velhas de xale encarnado
peitos caídos
mães de mulatas mais belas dos Brasis
mulatas de gordo peito em bico como para dar de mamar a todos os
meninos do Brasil.
Mulatas de mãos quase de anjos
mãos agradando ioiôs
criando grandes sinhôs quase iguais aos do Império
penteando iaiás
dando cafuné nas sinhás
enfeitando tabuleiros cabelos santos anjos
lavando o chão de Nosso Senhor do Bonfim
pés dançando nus nas chinelas sem meia
cabeções enfeitados de rendas
estrelas marinhas de prata
tetéias de ouro
balangandãs
presentes de português
óleo de coco
azeite-de-dendê
Bahia
Salvador
São Salvador
Todos os Santos
Tomé de Sousa
Tomés de Sousa
padres, negros, caboclos
Mulatas quadrarunas octorunas
a Primeira Missa
os malês
índias nuas
vergonhas raspadas
candomblés santidades heresias sodomias
quase todos os pecados
ranger de camas-de-vento
corpos ardendo suando de gozo
Todos os Santos
missa das seis
comunhão
gênios de Sergipe
bacharéis de pince-nez
literatos que lêem Menotti del Picchi e Mário Pinto Serpa
mulatos de fala fina
muleques
capoeiras feiticeiras
chapéus-do-chile
Rua Chile
viva J. J. Seabra morra J. J. Seabra
Bahia
Salvador
São Salvador
Todos os Santos
um dia voltarei com vagar ao teu seio moreno brasileiro
às tuas igrejas onde pregou Vieira moreno hoje cheias de frades
ruivos e bons
aos teus tabuleiros escancarados em x (esse x é o futuro do Brasil)
a tuas a teus sobrados cheirando a incenso comida alfazema
cacau.
BAHIA DE TODOS SANTOS y de casi todos los pecados
Poema de Gilberto Freire
Traducción de Pedro Sevylla de Juana
Bahia de Todos Santos (y de casi todos los pecados)
casas encaramadas unas encima de las otras
casas, sobrados, iglesias, como gente estrujándose para salir en una
fotografía de revista o diario
(vanidad de vanidades! dice el Eclesiastés)
iglesias orondas (las de Pernambuco son más delgadas)
toda Bahia es una maternal ciudad oronda
como si de los vientres empinados de sus montes
de los que surgieron tantas ciudades de Brasil
aún otras estuvieran a punto de brotar
aire amorfo untuoso
olor a comida
aroma de incienso
efluvio de mulata
vahos calientes de sacristías y cocinas
ollas bullendo
adobos abrasando
el Santísimo Sacramento ascendiendo
mujeres alumbrando
fragancia de espliego
pócimas para la sífilis
anuncios así:
Alabado sea Nuestro Señor Jesucristo
(Por siempre! Amén!)
automóviles a 30$ la hora
y un ford resistente sube cualquier cuesta
brincando empujando repicando
para después resbalar sobre el asfalto flamante
que clarea como dentadura postiza en tierra encarnada
(la tierra encarnada de 1500)
gente de Bahia! negra, mestiza, cobriza, morena
color de los espléndidos jacarandás de ingenio azucarero en Brasil
(madera que las termitas no comen)
sin rostros color fiambre
ni cuerpos color de pavo frío
Bahia de colores cálidos, acaneladas carnes, sabores picantes
detesto tus oradores, Bahia de Todos los Santos
tus ruisbarbosas, tus otaviosmangabeiras
pero me gustan tus iaiás, tus mulatas, tus polentas
tableros, flor de papel, candilitos,
todo en la penumbra de tus iglesias
cuajadas ellas de angelitos mofletudos
sanjuanes sanjosés criaturasdedios
y con señoras rollizas confesándose a monjes más descarnados que yo
El padre reprimido que hay en mí
se entusiasma ante ti Bahia
y te absuelve de tus supersticiones
tu comercio de favores de Nuestra Señora y de Nuestrosseñores del Bonfim
y percibe en el vientre de tus montes y de tus mujeres
depositarios de la fe ya otorgada a los santos
multiplicadores de ciudades cristianas y de criaturas de Dios
Bahia de Todos Santos
Salvador
San Salvador
Bahia
Negras ancianas de Bahia
vendiendo mingau angu acarajé
Negras viejas de chal carmesí
pechos caídos
madres de las mulatas más bellas de los Brasis
mulatas de pecho voluminoso con pezones para amamantar
a todos los niños de Brasil.
Mulatas de manos poco menos que de ángeles
manos encantando yoyós
formando grandes “señós” semejantes a los del Imperio
peinando iaiás
mimando el cuero cabelludo a las “señás”
maquillando tableros cabellos santos ángeles
purificando el suelo de Nuestro Señor del Bonfim
pies agitándose desnudos en las chinelas sin media
alzacuellos embellecidos de encajes
estrellas marinas de plata
broches de oro
dijes
obsequios de portugués
oleo de coco
aceite de palma
Bahia
Salvador
San Salvador
Todos los Santos
Tomé de Sousa
Tomés de Sousa
sacerdotes, negros, mestizos
Mulatas cuarteronas, octeronas
la Primera Misa
los malís
indias desnudas
genitales rasurados
candombe santidades herejías sodomías
casi todos los pecados
crujir de lechos de viento
cuerpos ardientes sudando de gusto
Todos Santos
misa de las seis
comunión
genios de Sergipe
licenciados con quevedos
literatos que leen a Menotti del Picchi y Mário Pinto Serpa
mulatos de parla distinguida
chavales
capoeiras hechiceras
sombreros elegantes de paja
Calle Chile
viva J. J. Seabra muera J. J. Seabra
Bahia
Salvador
San Salvador
Todos Santos
cualquier día regresaré sin prisa a tu seno moreno brasileño
a tus iglesias donde predicó Vieira trigueño hoy llenas de frailes
pelirrojos y buenos
a tus tableros abiertos de par en par en x (esa x es el futuro de Brasil)
a tus casas a tus sobrados oliendo a incienso comida lavándula cacao.
“Gilberto Freyre: vida, forma e cor”
A propósito de Gilberto Freyre.
Nace en Recife, el 15 de marzo de 1900, hijo del Dr. Alfredo Freyre: educador, Juez de Derecho y catedrático de Economía Política de la Facultad de Derecho de Recife; y de Doña Francisca de Mello Freyre.
A los 6 años de edad intenta huir de casa, escondiéndose en Olinda, ciudad a la cual tributó un gran cariño.
A los 8, inicia sus estudios en el Jardín de Infancia del Colegio Americano Gilreath. Pero, a pesar de su interés, no consigue aprender a escribir, haciéndose notar con sus dibujos. Toma clases particulares del pintor Telles Júnior, que desaprueba su insistencia en deformar las plantillas. Aprende a leer y escribir en inglés con Mr. Williams, que elogia sus dibujos. En 1909 fallece su abuela materna, que lo mima por suponerle retrasado, dada la dificultad para aprender a escribir. Obtiene sus primeras experiencias rurales de niño de engenho, en el Engenho Son Severino do Ramo, de unos parientes. Luego escribiría sobre esa experiencia en una de sus mejores páginas, incluida en Pessoas, coisas e animais.
A los 11 años pasa su primer verano en la playa de Boa Viagem, donde escribe un soneto al estilo de Camões y llena muchos cuadernos con dibujos y caricaturas.
A los 14, enseña Latín, aprendido con su padre. Toma parte activa en los trabajos de la sociedad literaria del colegio. Se hace redactor-jefe del periódico escolar: O Lábaro.
A los 15, aprende Francés con Madamme Meunieur.
A los 16, se escribe con el periodista Carlos Días Fernándes, que le invita a pronunciar una conferencia en João Pessoa, capital del Estado de Paraíba. Gilberto Freyre viaja autorizado por la madre y lee en el Cine-Teatro Pathé su primera conferencia pública, disertando sobre Spencer y el problema de la educación en Brasil. El texto fue publicado en el periódico El Norte. Tras la lectura de John Bunyan, toma parte en actividades evangélicas y visita a la gente miserable de los mocambos de Recife. Se interesa por el socialismo cristiano, pero lee a Spencer y Comte. Es elegido presidente del Club de Informaciones Mundiales, fundado por la Asociación Cristiana de Jóvenes de Recife.
A los 17, es Bachiller en Ciencias y Letras por el Colegio Americano Gilreath. Le eligen orador de los estudiantes, cuyo padrino es el historiador Oliveira Lima, amigo desde ese momento. Comienza a estudiar griego. Se hace miembro de la Iglesia Evangélica, disgustando a la madre y la familia católica.
A los 18 años marcha a los Estados Unidos, residiendo en Waco (Texas) para matricularse en la Universidad de Baylor. Inicia su colaboración en O Diário de Pernambuco, con la serie de cartas «De la otra América».
A los 19, en aquella Universidad, es auxiliar del geólogo John Casper Branner en la preparación del texto portugués de la «Geología do Brasil». Enseña francés a jóvenes oficiales norteamericanos alistados para la guerra. Estudia Literatura con A. J. Armstrong, profesor de literatura y crítico literario especializado en la filosofía y en la poesía de Robert Browning. Escribe los primeros artículos en inglés publicados por un periódico de Waco. Divulga sus primeras caricaturas.
A los 20, conoce personalmente al poeta irlandés William Butler Yates. Escribe en inglés un estudio sobre Amy Lowell. Como estudiante de Sociología, investiga sobre la vida de los negros de Waco y de los mexicanos marginales de Texas. Concluye, en la Universidad de Baylor, el curso de Bachiller en Artes, pero no asiste a la ceremonia de entrega de títulos, aunque, en contra de las prácticas académicas, la Universidad le envía el diploma a su domicilio. En Nueva York ingresa en la Universidad de Columbia. La Academia Pernambucana de Letras, a propuesta de Francia Pereira, lo elige socio correspondiente.
A los 21 conoce personalmente Rabindranath Tagore. A invitación de Amy Lowell, la visita en Boston. Sigue, en la Universidad de Columbia, el curso del Profesor Zimmern, de la Universidad de Oxford, sobre la esclavitud en Grecia. Visita la Universidad de Harvard y Canadá. Es huésped de la Universidad de Princeton, como representante de los estudiantes de América Latina que allí se reúnen en congreso. Se hace editor-asociado de la revista El Estudiante Latino-Americano, publicada en Nueva York por el Comité de Relaciones Fraternales entre Estudiantes Extranjeros.
A los 22, defiende su tesis para el grado de Master of Arts en la Universidad de Columbia. No comparece a la ceremonia de diplomatura, marchando hacia Europa, donde recibe el diploma enviado por el Rector. Visita Francia, Alemania, Inglaterra y Bélgica. También, España y Portugal. Convive con Vicente del Rego Monteiro y con otros artistas modernistas brasileños como Tarsila de Amaral y Brecheret. En Alemania conoce el Expresionismo, en Inglaterra, el ramo inglés del Imagismo y, en Francia, el anarcosindicalismo de Sorel y el federalismo monárquico de Maurras.
A los 23, desde Portugal regresa a Brasil, y vuelve a colaborar en el Diario de Pernambuco. Escribe artículos para la Revista do Brasil (São Paulo), a petición de Monteiro Lobato.
A los 25, encargado por la dirección del Diario de Pernambuco, organiza el libro conmemorativo del primer centenario del periódico. Ese libro, llamado “Libro del Nordeste”, publica por primera vez el poema modernista de Manuel Bandera «Evocação do Recife», que Gilberto le había pedido. consagrando al hasta entonces desconocido pintor Manoel Bandeira.
A los 26 consolida su amistad con Manuel Bandeira. Conoce a Pixinguinha, Donga y Patrício y se inicia en la nueva música popular brasileña. Escribe el poema «Bahia de todos os santos (e de quase todos os pecados)», publicado por la Revista del Norte, Va a los Estados Unidos como delegado del Diário de Pernambuco al Congreso Pan-Americano de Periodistas. Es promovido como oficial de gabinete del Gobernador electo de Pernambuco, entonces vicepresidente de la República. Colabora con artículos de humor en la Revista do Brasil con el seudónimo de J. J. Gomes Sampaio.
A los 27, asume el cargo de oficial de gabinete del nuevo Gobernador de Pernambuco.
A los 28 años dirige el periódico La Provincia, donde empiezan a colaborar los nuevos escritores de Brasil y el publica artículos y caricaturas bajo seudónimo. El Gobernador, Estácio Coimbra, le nombra profesor de la Escuela Normal del Estado de Pernambuco: primer magisterio de Sociología en Brasil, de orientación moderna y antropológica, dotada de investigaciones de campo.
A los 30 acompaña al exilio a Estácio Coimbra. Hacen un viaje por mar que parte de Bahia, y recorre parte del continente africano antes de llegar a Lisboa. En Lisboa comienza las investigaciones para escribir Casa-grande & senzala.
He querido detallar los treinta primeros años de una vida de 87, para dar idea de la capacidad de trabajo, su inquietud por el aprendizaje, tan grande que no recogía los títulos obtenidos. Obligando a los docentes a entregárselos, allá donde estuviera, a tan excepcional alumno. Parece que era Gilberto Freyre quien premiaba a los premiadores aceptando los premios. Llegaba a las obras a su debido tiempo, cuando estaba en disposición de concluirlas tal como las imaginaba. Casa Grande&senzala sería imposible sin todo lo anterior, y sin ella, no podría haber logrado mucho de lo que vino. Su vida es constante progresión; su obra es concreción constante.
Biografia
Sociólogo, antropólogo e escritor, Gilberto de Mello Freyre nasceu no Recife, Pernambuco, o dia 15 de março de 1900. Em 1918, viajou para os Estados Unidos, onde fez seus estudos universitários: bacharelado em Artes Liberais, com especialização em Ciências Políticas e Sociais, na Universidade de Baylor e mestrado e doutorado em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais, na Universidade de Columbia, onde defendeu a tese Vida social no Brasil em meados do século XIX.
Viajou para vários países europeus, retornando ao Brasil, em 1923, preferindo continuar morando na sua terra natal, o Recife, em vez de ir para o sul do País. Considerado um pioneiro da Sociologia no Brasil, foi um dos idealizadores do I Congresso Brasileiro de Regionalismo, do qual resultou a publicação Manifesto regionalista de 1926, contrário à Semana de Arte Moderna de 1922 e valorizando o regionalismo nordestino em confronto com as manifestações da «cultura européia». De 1927 a 1930, foi chefe de gabinete do então governador de Pernambuco, Estácio Coimbra. Em 1933, publicou seu livro mais conhecido Casa-grande & senzala, que iria depois ser publicado por vários países como Argentina (1942); Estados Unidos (1946); França (1952); Portugal (1957); Alemanha e Itália (1965); Venezuela (1977); Hungria e Polônia (1985), entre outros. Foi eleito deputado federal constituinte, em 1946.
Quando deputado, foi autor do projeto que criou o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco. Além de escritor, foi também pintor e jornalista. Dirigiu os jornais recifenses A Província e o Diario de Pernambuco. Colaborou com a revista O Cruzeiro (Rio de Janeiro) e vários periódicos estrangeiros. Foi membro do Conselho Federal de Cultura desde a sua criação, diretor do Centro Regional de Pesquisas Educacionais e presidente do conselho-diretor da Fundação Joaquim Nabuco. Recebeu vários prêmios literários e o título de Doutor Honoris Causa de diversas universidades brasileiras e estrangeiras.
Da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico. É autor de dezenas de livros, entre os quais, Casa-grande & senzala (1933), obra considerada fundamental para a compreensão da formação social brasileira; Sobrados e mucambos (1936); Nordeste (1937); O mundo que o português criou (1940); Ingleses no Brasil (1948); Aventura e rotina (1953); Ordem e progresso (1959); Vida, forma e cor (1962); Homem, cultura e trópico (1962); Oliveira Lima, Dom Quixote Gordo (1968); Além do apenas moderno (1973); Tempo de aprendiz (1979); Rurbanização: que é? (1982); Apipucos: que há num nome? (1983); Insurgências e ressurgências (1983); Modos de homem e modas de mulher (1987); Ferro e civilização no Brasil (1988). Morreu no Recife, no dia 18 de julho de 1987, sendo sepultado no Cemitério de Santo Amaro. (Extraido de www.mcbiografías.com
Comentarios recientes